Flagrados em setembro de 2023 com 538 quilos de cocaína, os policiais Anderson César dos Santos Gomes e Alexandre Novaes Medeiros, que utilizavam viatura policial para fazer o transporte das drogas, foram demitidos oficialmente da Secretaria de Justiça e Segurança Pública nesta quinta-feira (12), conforme publicação do diário oficial
A demissão foi decidida pela Justiça em janeiro deste ano, quando ambos foram condenados em primeira instância a 19 anos e quatro meses de prisão. Na decisão judicial foi determinado que a demissão ocorresse depois que estivessem esgotadas as possibilidades de recurso.
O esquema de tráfico de cocaína foi desbaratado em uma operação do Gaeco no dia 5 de setembro de 2023. Naquela data, mais de meia tonelada da droga foi descoberta em uma casa em Dourados. O entorpecente foi avaliado em R$ 40 milhões.
Um dos policiais foi preso em flagrante e o outro foi detido dias depois. Durante a investigação ficou comprovado que eles haviam feito pelo menos outras cinco viagens levando cocaína de Ponta Porá, na fronteira com o Paraguai, até Dourados.
Conforme o Ministério Público, eles utilizavam viaturas oficiais para fazer o transporte das drogas e cada um recebia R$ 80 mil em dinheiro pelo transporte, que foi feito pelo menos seis vezes entre os meses de julho e agosto de 2023.
Embora tivessem utilizado viatura oficial, uma caminhonete S-10, para fazer o transporte, eles não foram condenados por conta disso, explica o MPE.
“É que existe jurisprudência indicando ser apenas uma infração administrativa, o uso do veículo oficial para tarefas fora do trabalho de policiamento. Diante do entendimento já pacificado nos tribunais superiores, o juiz responsável, Marcelo da Silva Cassavara, absolveu os réus dessa imputação, sem deixar de anotar a prática do ‘frete seguro’ como um dos elementos para apenar os condenados”, explicou à época o MPMS
Porém, ficou comprovado que as viagens eram constantes entre Ponta Porã e Dourados. “Fizeram por inúmeras vezes, pelo menos nos dias 14/07/23, 27/07/23, 31/07/23, 04/08/23, 08/08/23 e 05/09/23, privando a sociedade, que é destinatária de todos os bens públicos, daquele automóvel, além de utilizarem, ainda que não em sua totalidade, combustível custeado pelo Estado de Mato Grosso do Sul, para traficar drogas, proporcionando, ainda, com essa conduta reiterada, o desgaste desnecessário e prematuro da viatura (pneus, óleo, freio etc), tão necessária em importante região de fronteira, com altos índices de criminalidade”, descreveu o juiz ao condená-los.
Os dois ex-policiais eram lotados na 1ª Delegacia de Polícia de Ponta Porã e estão presos desde setembro de 2023.