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Preço dos combustíveis não baixou com o fim da paridade

Correio do Estado

Preço dos combustíveis não baixou com o fim da parida

 

 

– Foto: Gerson Oliveira/Correio do EstadoDurante esse período de 24 meses, a estabilidade nos reajustes foi eficaz, porém, na prática, os valores que chegam ao consumidor final continuaram subindo.

Conforme dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em Mato Grosso do Sul, o litro da gasolina comum era comercializado a R$ 5,20 em maio de 2023, enquanto na semana passada passou a R$ 6,07 – uma alta de 16,73%. No mesmo intervalo, o preço do petróleo tipo Brent caiu de US$ 83 para US$ 65, o que representa uma queda de 21,7%.

A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), acumulada no período, é de 9,46%. Ou seja, apenas a gasolina subiu 7,27% acima da inflação. Já o diesel comum custava R$ 5,61 e passou a R$ 6,18, acumulando um aumento de 11,22% no mesmo período de dois anos – o que representa 1,76% acima da inflação oficial.

O mestre em Economia Eugênio Pavão explica que a nova política de preços ainda apresenta resultados controversos.

“Os preços seguem variando próximos à PPI [Política de Paridade Internacional], com a Petrobras dosando preços e lucros no mercado. Pelo lado da empresa, foi tomado o cuidado de não trazer prejuízos, evitando reduções nos preços finais, porém, para o consumidor, os preços estão acima do esperado, ou seja, o governo buscou um equilíbrio entre a margem de lucro e o preço final”, esclarece.

Para o economista Eduardo Matos, em um primeiro momento, houve um maior equilíbrio em relação aos indicadores econômicos que influenciam o preço dos combustíveis.

“A paridade, apesar de trazer ao mercado brasileiro a realidade do mercado mundial, deixa mais vulnerável à flutuação de preços. Com o fim da paridade, foi possível, de fato, enxergar uma melhora na relação, principalmente das variáveis, [como o] preço dos combustíveis, do barril de petróleo e do dólar. Tivemos uma relação um pouco mais favorável que no auge dos preços”, analisa.

“No entanto, hoje nós já temos uma relação desfavorável. Inclusive, essa relação é desfavorável comparando ao auge dos preços, porque o que essas variáveis, esses preços, nos indicam é que o mercado brasileiro sucumbiu à vulnerabilidade”, critica Matos.

O maior preço já registrado para a gasolina foi em abril de 2022, quando o litro chegou à média de R$ 7,05 em Mato Grosso do Sul. Se a comparação for entre aquele período e o atual, o preço da gasolina está 13,9% menor. No entanto, à época, o barril de petróleo atingiu o valor máximo de US$ 105, impulsionado pela guerra entre Rússia e Ucrânia.

“No auge dos preços, tínhamos a guerra da Rússia com a Ucrânia, que foi quando, de fato, estourou. E como sabemos são grandes produtores de petróleo. Mas para esse momento, a visão retirada é de que o mercado brasileiro apenas escondeu a vulnerabilidade”, comenta o economista.

PARIDADE
A Petrobras afirmou ter conseguido “abrasileirar” os preços dos combustíveis sem comprometer a rentabilidade de suas operações. A estatal defende que, com essa política, também recuperou parte do mercado perdido em gestões anteriores, contando com o auxílio da queda do preço do petróleo no período.

“Podemos dizer que abrasileiramos os nossos preços sem nos desconectar com o mercado”, disse o diretor de Logística, Comercialização e Mercados da Petrobras, Claudio Schlosser, à Folha de S.Paulo, destacando os bons resultados financeiros da empresa como prova da eficácia dessa estratégia.

Ainda conforme Schlosser, a política também beneficiou os consumidores, ao evitar repasses imediatos de volatilidades externas.

“Geramos valor para os nossos clientes e para a sociedade, proporcionando períodos de estabilidade de preços para as distribuidoras mesmo em momentos de alta volatilidade externa, em função dos diversos conflitos geopolíticos em aberto”, afirmou.

Apesar do novo discurso, dados do Instituto Nacional de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (Ineep) indicam que o desconto médio da Petrobras sobre os preços internacionais nos últimos dois anos é semelhante ao praticado no governo de Jair Bolsonaro.

Sob a gestão Lula, a gasolina foi vendida, em média, por 95% da paridade de importação, enquanto o diesel ficou em 94%. Já no governo anterior, os porcentuais foram de 96% para ambos os combustíveis.

A principal diferença entre os dois períodos está na frequência dos reajustes e na condução da política de preços.

No governo Bolsonaro, o aumento das cotações internacionais após a pandemia levou a uma série de repasses, dentro de uma política mais alinhada à paridade de importação.

Já na gestão Lula 3 a Petrobras afirma ter abandonado esse alinhamento automático, o que resultou em períodos prolongados sem alterações nos preços – incluindo todo o ano passado sem reajuste no diesel e 10 meses sem mudanças na gasolina.

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